Olá, críticas e críticos do meu Brasil!
Se você, como eu, não é um frequentador assíduo de bailes de carnaval, dançarino de frevo ou cantor de marchinhas, tenho uma ótima dica de série para maratonar nesse feriadão!
Acredito que não seja novidade a estreia de Desventuras em Série pela Netflix, na sexta-feira 13 de janeiro desse ano, mas vamos aos detalhes!
(Poster da série. Fonte: http://sobresagas.com)
A série vai nos mostrar a história dos irmãos Baudelaire, um trio com muito (mas muito mesmo) azar na vida. Enquanto eles estão na praia um incêndio destrói sua casa e mata seus pais, deixando os irmãos Violet, Klaus e Sunny órfãos e sem rumo. A partir daí os três passam a comer o pão que o diabo amassou, sendo vítimas de conspirações, falcatruas, tentativas de assassinato, sequestro e muito mais! Tudo isso porque os irmãos são herdeiros de uma enorme fortuna e a morte de seus pais está envolta em mais mistério do que eles podem imaginar. Enquanto os Baudelaires só querem paz e normalidade (e um pouco de tempo para ficar de luto), eles tem que lidar constantemente com um parente distante chamado Conde Olaf. Um psicopata, megalomaníaco, sem nenhum pingo de talento artístico – apesar de ser líder de uma trupe de teatro -, que tem como objetivo de vida roubar a fortuna dos irmãos, não medindo esforços ou tento qualquer escrúpulo, para conseguir isso.
Isso foi apenas uma premissa rápida e sem spoilers. A história dos Baudelaire é enorme e cheia de detalhes, escrita originalmente em 13 livros e depois adaptada para o cinema e agora para a TV, com direção de Barry Sonnenfeld (Homens de Preto). No elenco de 2004 tivemos Jim Carrey como Conde Olaf, Emily Browning como Violet e Liam Alken como Klaus. O filme foi bem fiel aos livros, mas de forma corrida, já que adaptou os três primeiros livros em pouco menos de duas horas.
Enquanto Netflix fez a melhor coisa que poderia ter feito nesse sentido, dividindo a primeira temporada em oito episódios, cada dois deles contando a história de um livro. A série abrangeu os livros “Mau Começo”, “A Sala dos Répteis”, “O Lago das Sanguessugas” e “Serraria Baixo-Astral”. Achei essa divisão de episódios espetacular! Desse modo temos certeza que eles serão os mais fiéis possíveis às histórias de cada livro, sem fazer aquelas miscelâneas loucas e corridas que geralmente vemos em adaptações de livros para as telas (e como vimos no filme de 2004).
Confesso que não terminei de ler todos os livros da coletânea e que já faz bastante tempo que os li, mas a adaptação para TV ficou bem fiel, tanto no quesito história, quanto na ambientação e caracterização dos personagens. O que é bem difícil de fazer, já que não temos noção do tempo exato de quando se passa a trama dos Baudelaire. Tudo é muito anacrônico, com ares de anos 30 e ao mesmo tempo com algumas modernidades, lembrando muito o clima da série Pushing Daisies (2007-2009).
(Sr Poe, Juíza Strauss e os irmãos Baudelaire. Fonte: http://www.ibtimes.com)
O elenco está fantástico! Neil Patrick Harris coube como uma luva no papel de Conde Olaf. Ele manteve o mesmo estilo overacting do Jim Carrey, o que eu não gosto, mas funciona perfeitamente com o Conde! Os diversos disfarces que ele precisa usar ficaram impecáveis! Dá para acreditar que ele é um psicopata ambicioso, maluco e assassino.
(Neil Patrick Harris nos diferentes disfarces de Conde Olaf. Fontes: http://ateremos.com, http://www.movienewsguide.com, http://www.newnownext.com)
As crianças estão ótimas também, tanto na caracterização, quanto na atuação! Com Violet sendo interpretada por Malina Weissman, Klaus por Louis Hynes e Sunny pela fofa Presley Smith. Minha favorita é a Sunny, com seus comentários sempre ácidos, realistas e engraçados, principalmente porque foram feitos por um bebê! O Sr Poe também está ótimo, interpretado por K. Todd Freeman, muito melhor do que no filme e completamente sem noção! Dá para acreditar que ele tem boas intenções, mas seria bem melhor se ele fosse um pouco mais atento. Ia reduzir o sofrimento das crianças em uns bons 60%! Rsrsrs
Houve alguns pontos negativos para mim, como, por exemplo, a fixação por vocabulário. Não lembro se tinha isso nos livros, mas em todos os episódios da série as pessoas ficam explicando para as crianças o significado de palavras aleatórias que elas julgam difíceis. OK, é engraçadinho nas primeiras 20 vezes, mas depois a repetição cansa. Se fosse apenas o Lemony Snicket ou algum outro personagem que fizesse isso, tudo bem. Mas vários deles fazem! O tempo todo!!!
Falando em Lemony Snicket, não posso deixar de falar nele! Lemony é o “autor” e narrador dos livros Desventuras em Série. Mas calma, não é tão simples assim. O nome real do autor é Daniel Handler e ele escreveu a série Desventuras como se o narrador estivesse ali documentando fatos reais, que ele apurou em suas investigações sobre a morte dos pais Baudelaire. O que foi uma sacada genial do Sr Handler, mas aí vem a Netflix e leva isso a outro nível! Tornando o Lemony não apenas uma voz onisciente e imaterial, mas sim um personagem em separado da história principal, com seu próprio enredo a ser descoberto! O personagem é interpretado por Patrick Warburton, que está perfeito no papel. É ótimo quando ele surge do nada, no meio de uma cena, e vai contando os detalhes da narrativa e da sua investigação.
(Lemony Snicket interrompendo cena dos Baudelaires e quebrando a quarta parede. Fonte: https://thefederalist.com)
Outro detalhe super legal que a Netflix colocou na série foi a música de abertura! A cada ciclo de dois episódios temos uma mudança na letra da música “Look Away”, cantada pelo ator Neil Patrick Harris, que interpreta o Conde Olaf, antecipando um pouco do que vai acontecer naquela história. Veja abaixo as diferenças nas letras! (tradução livre)
The Bad Beginning / Mau Começo (episódios um e dois)
“The children
lose their home and go to live with someone awful
As crianças
perdem o seu lar e vão viver com alguém terrível
He tries to
steal their fortune with a plot that's not quite lawful
Ele tenta roubar
sua fortuna com um plano que não é bem lícito
It's hard to
fathom how the orphans manage to live through it
É difícil
imaginar como os órfãos conseguem sobreviver a isso
But how a decent
person like yourself would even want to view it.
Mas como uma
pessoa decente como você iria querer ver isso.”
The Reptile Room / A Sala dos Répteis (episódios
três e quatro)
“The Baudelaires
are living with a man who studies snakes
Os Baudelaires
estão morando com um homem que estuda cobras
He's jolly and
he's secretive and makes a few mistakes
Ele é feliz e
cheio de segredos e comete alguns erros
Spoiler alert!
Alerta de spoiler!
A villain comes
to steal and murder
Um vilão vem
para roubar e matar
And so if I were
you, I wouldn't even watch one minute further.
E se eu fosse
você, não assistiria mais nenhum minuto.”
The Wide Window / O Lago das Sanguessugas (episódios
cinco e seis)
“The
Baudelaires' new guardian is wracked with fear and panic
A nova guardiã
dos Baudelaires está consumida por medo e pânico
They end upon a
boat that might as well be the Titanic
Eles acabam em
um navio que pode muito bem ser o Titanic
We polled a
bunch of adults
Nós perguntamos
a um monte de adultos
99% agree
99% concordam
There must be
something happier on screen for you to see.
Deve haver algo
mais feliz na TV para você assistir.”
The Miserable Mill / Serraria Baixo-Astral (episódios
sete e oito)
“The lumber mill
is where the Baudelaires are forced to work
Os Baudelaires
são forçados a trabalhar em uma madeireira
The eye doctor
is sinister, the owner is a jerk
O oculista é
sinistro, o proprietário um idiota
They end up in a
fiendish plot with logs and hypnotism
Eles acabam em
um enredo diabólico com troncos e hipnotismo
The very thought
of watching should be met with skepticism.
Só o pensamento de assistir deveria ser visto
com ceticismo.”
Tem um monte de coisas mais que eu gostaria de comentar, como eu amei a fofa da Juíza Strauss e sua biblioteca maravilhosa, as teorias sobre os pais e o incêndio, os spoilers da Netflix na adaptação (ao menos para quem não leu todos os livros, como eu! Mas para quem só viu a série o jeito de contar a história funciona perfeitamente e, obviamente, não tem spoiler nenhum! hehehe) ou as referências com a literatura clássica, mas essa crítica já está longa demais. Então qualquer coisa, deixe um comentário e falamos mais sobre esses assuntos, ou nos procure nas redes sociais!
Resumindo, Desventuras em Série é uma série rápida e fácil de gostar, com um humor simples, tragicômico e meio mórbido, baseado no exagero. É repleta de mistérios, flashbacks, planos mirabolantes, mas também de muitas tentativas de assassinato - motivo pelo qual essa série, essencialmente infantil, também ser um ótimo entretenimento para adultos!
NOTA FINAL:
Fico por aqui na expectativa pela próxima temporada, que já foi confirmada, e na esperança de ter plantado a semente da curiosidade em alguém! Vale muito a pena assistir a série! Não esqueça de deixar seu comentário e nos seguir nas redes sociais.
~ Amanda Indio
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