quinta-feira, 7 de julho de 2016

author photo
Olá Críticos e Críticas!

 Descrição: capa do quadrinho Pílulas Azuis. Fonte: acervo pessoal.

Hoje iremos tratar desse quadrinho maravilhoso escrito por Frederik Peeters.


 
A narrativa se passa em Genebra e gira em torno da própria vida de Peeters e a forma como ele conheceu Cati na sua adolescência. Esse quadrinho é emblemático porque mostra a convivência com uma pessoa soropositiva. Mas ao que muitos possam pensar esta é uma história de amor, não de sofrimento.



Uma abordagem muito interessante por sinal, pois muitos poderiam pensar que a pegada principal fosse ser o lado ruim da doença, quando na verdade o objetivo do autor é desconstruir os preconceitos acerca do HIV e mostrar que a convivência e relação tanto física quanto amorosa com portadores deve ser encarada com normalidade.




 

Descrição: contracapa. Fonte: acervo pessoal.

Desde a descoberta de que Cati e seu filho são soropositivos, a graphic novel mostra de forma brilhante e simples a visão de quem é portador da doença e de quem é companheiro dessas pessoas. Este é o grande trunfo da obra, pois ele não se prende a apenas um dos lados do prisma. 

Primeiramente, ele aborda a questão de como ele conhece Cati, até por uma questão de lógica. Após estabelecido o elo entro os protagonistas, o autor introduz um membro importante da relação deles: o filho de Cati. Ele começa a descobrir, desta forma, outras maneiras de se lidar com distintos indivíduos portadores do HIV e vai percebendo que muito dos grandes mitos a respeito da mesma são um misto de ignorância e preconceito. Por se tratar de uma autobiografia o roteiro é a realidade do autor e mostra todas as dúvidas e incertezas que uma pessoa teria diante do mesmo caso.

Um dos pontos altos da trama é o surgimento do Doutor R. que apesar de ser um coadjuvante é peça fundamental e dá uma lição de humanidade a classe médica que por muitas vezes é criticada por apenas seguir procedimentos e códigos sem olhar pro lado pessoal de seu paciente.  

Descrição: exemplo de metáfora na narrativa gráfica. Fonte: acervo pessoal.

A narrativa gráfica do quadrinho é bem fluída e se utiliza de metáforas a todo instante, afim de evitar que a temática fique pesada por se tratar de um teor tão sério. Todos os componentes gráficos interagem de forma perfeita e junto com os diálogos levam para o leitor a mensagem de forma clara. O autor acertou na simplicidade da linguagem utilizada e desta forma, consegue ampliar o alcance da faixa etária dos leitores.

A tradução foi feita pelo Fernando Scheibe e algumas coisas me incomodaram um pouco como o excesso de regionalismos nacionais nos diálogos. Vale lembrar que este é um quadrinho europeu e utilizar desta linguagem pode acabar por descaracterizar o texto real. Mas no fim das contas não chega a comprometer. Eu é que sou chato mesmo rsrs.

Descrição: um pouco da arte de Peeters. Fonte: acervo pessoal.

A arte desta hq é bastante descontraída e por algumas vezes cartunesca. Mais uma vez o autor se utilizando de um desenho mais rudimentar, informal, para suavizar a temática principal. Contudo, os traços são firmes e o sombreado dá um toque marcante e necessário as cenas, ainda mais por ser uma arte em preto e branco.

No mais, a graphic novel encanta como um todo e não à toa recebeu prêmios no Festival de Quadrinhos de Angoulême, um dos principais do mundo. A história te faz rir, chorar, se preocupar realmente com os personagens e certamente mudou a minha perspectiva sobre alguns pontos acerca do tema que eu desconhecia. Na minha opinião é recomendado a partir de 12 anos por ter uma temática bastante sexual. E até por que quanto antes desconstruirmos preconceitos melhor.

Joinha especial para o post scriptum (veja, não vai se arrepender!).

NOTA FINAL: DEZ COM LOUVOR!

Espero que tenham gostado desta resenha e não deixem de nos acompanhar nas nossas redes sociais e no nosso canal do YT.

Até a próxima!

- Luiz.


1 comentários:

avatar
Unknown delete julho 12, 2016 1:50 AM

Pronto! Mais uma HQ na lista de "preciso ler com urgência!", hehehe. Adorei a arte e, pela sinopse, acredito que material com esse conteúdo seja bem escasso no mercado (literário, quadrinista, cinematográfico...) Com certeza lerei!!!

Reply


EmoticonEmoticon

Próximo Post Next Post
Post Anterior Post Anterior